Eu sou médica.
Há muito nessa frase tão curta e simples, e memórias de uma guria muito nova aparecem aqui.
Nunca fui de me conformar. Sempre penso que deve ter um jeito pra tudo, e não conseguia aceitar que o corpo escolhesse uma via que levasse à doença: "Deve ter um jeito", eu pensava, lá nos meus 8 anos quando tive uma hepatite A e o Serginho chegou lá em casa, com um livro de patologia, explicando como era um fígado doente.  Aos 12, quando minha tia Júlia faleceu depois de longo período na UTI, e aos 15, quando decidi a profissão. Ah, sim, e nos intervalos disso tudo sempre pensei que deveria ter jeito, ter cura, ter melhora. Admirava o @sergioprezzi , tão novo e já médico, admirava o @sandro.prezzi, e pensava: somos um time de primos e vamos fazer a diferença. Eu pensava que iria para as pesquisas - pretensiosamente encontrar a cura do câncer - patologia que, muitos anos depois, levou meus pais e muitos amigos e familiares desta Terra. A minha monografia de uma cadeira comum a todos os estudantes da @ucs_oficial foi exatamente sobre esse tema.
No decorrer da faculdade, me encantei por várias áreas, mas foi a Neurologia que me conquistou.
Mas, como nem tudo é racional e objetivo, entendo hoje que fui escolhida pela Neurologia Infantil. Não foi pensado, mas por ter familiares com doenças neurológicas, inclusive (e principalmente) o meu mano, me senti muito curiosa e atraída por esta especialidade tão encantadora. E, graças aos meus pais, que não mediram esforços para que meu mano tivesse todos os recursos (mesmo que o financeiro fosse escasso), ele se desenvolveu muito bem dentro do quadro dele. Eu queria que todas as crianças tivesses essa oportunidade!
No início da carreira, atendia pacientes de todas as idades. Os pacientes pediátricos (seus pais) me procuravam nos plantões e, desses, muitas crianças com doenças neurológicas - eu tinha jeito e talento com eles... e foi assim que a Neuropediatria me escolheu!
Sou realizada na profissão que escolhi! Ela me faz buscar sempre por respostas e meios de auxiliar o que parece não ter jeito. Esperança sempre!
Grata ao meu professor @prmattana, que me incentivou a aprender neurologia na faculdade.